Maternidade e suas dificuldades

Já parou para pensar o porque ninguém nunca revela as verdadeiras dificuldades da maternidade?
Todo mundo sempre fala sobre a parte financeira ou como um recém nascido chora a noite inteira.
Mas na verdade esse assunto vai muito além, minhas primeiras experiencias como mãe de primeira viajem foram desesperadoras. Eu só sabia cuidar de mim, ficava assistindo videos de ''como dar banho em um recém nascido'' ou ''como amamentar''. Mal sabia que isso não era nem a metade do que estava por vir...
Dia 17 de Março de 2014, primeira noite do Pedro em casa. Varias pessoas ao meu redor, varias pessoas me dizendo como segurar e como amamentar (muitos conselhos inúteis também hahaha). Eu precisava de um tempo só para mim e o bebê, queria amamentar em um lugar tranquilo, sem ninguém por perto para me dizer o que fazer. Mas todos estavam empolgados com a chegada do pequeno.
Enfim ficamos sós, mamãe, papai e o Pedro. Rimos, brincamos, e no final da noite ele mamou e dormiu. Acordava em 3x3 horas, super pontual.

Eu tinha um pequeno problema, ainda não tinha leite o suficiente. Mas como no hospital me ensinaram a amamentar, eu pensei que era questão de tempo até meus seios enxerem. Chegou a madrugada, Pedro chorou, levantei correndo pois já sabia que ele queria mamar. Coloquei ele no seio, ele sugava e chorava o mais alto possível. Troquei de seio, mas ele continuava a chorar. Então a prima do meu marido (Angelica) junto com a mãe dela vieram aqui para me ajudar (elas moram do lado, a parede do banheiro delas ficam na minha sala). Conversaram comigo para me acalmar, perguntaram como tinha sido o parto. Depois me aconselharam a tomar Dramin para ajudar a descer o leite. Nessa o Pedro já estava mais calmo e pegou no sono. Acordamos as 5:00 da manhã com ele berrando, desesperado e com muita fome. O pior tinha acontecido, eu estava sem leite. Então acordei o Lucas e pedi para ele comprar uma lata de NAN e uma mamadeira.
Não ter comprado mamadeiras foi a maior burrice que já fiz. No curso administrado por enfermeiras do posto, elas aconselhavam a não comprar e só dar leite materno. Na minha cabeça eu não teria problemas com amamentação.
Voltando ao assunto... Lucas chegou em casa, fervi a mamadeira e fiz o leite, ele tomou e voltou a dormir. Não queria dar leite artificial para meu filho, pensava comigo mesma ''será que não sou capaz de produzir leite?'' ''porque todo mundo consegue e eu não?''
Na nossa primeira consulta com o pediatra, conversei com ele sobre o leite NAN, contei que ele não estava ficando satisfeito. O pediatra me mandou  continuar e me instruiu a oferecer o peito primeiro e depois o leite artificial. Nisso tudo, ele tinha apenas 2 semanas de vida.

Com a chegada das cólicas o Pedro começou a trocar o dia pela noite, de dia ele dormia feito um anjo, mas quando anoitecia, a cólica vinha com tudo. Ele gritava de dor e nenhum remédio era capaz de fazer ele se acalmar. Foram 3 meses seguidos assim, trocando o dia pela noite. As vezes ele não dormia  bem de dia e mesmo com a ajuda da minha mãe eu não dava conta de organizar a casa sozinha. Ficava dias sem dormir direito, porque assim que ele dormia, eu ia comer, tomar banho e tentar arrumar a casa... Tinha dias que eu não conseguia fazer nada. Com 4 meses as coisas se acalmaram, a fase cólica tinha passado, eu já estava conseguindo dormir melhor, mesmo trocando o dia pela noite, pelo menos eu dormia.
Quando comecei a acostumar com a rotina dele, veio outra fase difícil, os dentinhos. Começaram a nascer quando ele tinha 6 meses. Nasceu dois de uma vez. E mais uma vez Pedro começa a ficar agitado, chorão, e enjoado. Usava todos os truques que via na internet, mas a unica coisa que realmente fez efeito foi ter paciência afinal um dia ia passar... Isso tudo era muito novo para mim, eu estava encantada e ao mesmo tempo espantada. Era uma mistura de sentimentos e  emoções. Estava descobrindo um mundo cheio de novidades. Até que engravidei de novo e como era tanta coisa nova, eu não reparei que minha menstruação tinha atrasado. Fui perceber quando estava de uns 4 meses. Fiz o pré-natal as pressas. Fiquei muito preocupada, pois não estava dando conta nem de 1 imagine dois! Levei um tempo para me acostumar com  a ideia.
 Faltando 1 semana para o aniversário de 1 ano do Pedro, recebi uma ligação, era da creche. Avisaram que a vaga do Pedro tinha saído e que era para levar os documentos para fazer a matricula. Chegou o dia de levar ele para creche, era o seu primeiro dia longe de mim. Eu estava triste, ansiosa e com o coração na mão, a saudade já apertava. Estava com medo dele chorar, ou até mesmo não se adaptar. Lucas foi comigo, ele sabia que no primeiro choro eu o pegaria e  voltaria com ele para casa. A diretora nos apresentou as professoras que iriam cuidar do meu pequeno Pedro, conversei com elas e o entreguei. Mas continuei na porta olhando ele.
A sala era enorme, forrada com tapete de EVA, as crianças estavam em circulo. Ele ficou encantado com tanta criança e sequer notou que eu estava ali, olhando tudo... Voltamos para casa, eu estava aos planto,  liguei mais de 4 vezes perguntando se ele estava bem, se tinha comido ou se tinha chorado. A professora tentando me acalmar disse que sim, ele estava bem e estava brincando com os novos amiguinhos. Estava sendo mais difícil para mim do que para ele. Eu estava morrendo de saudades, e assim que deu o horário, fui busca-lo. Meu coração pulava de tanta felicidade, o abracei bem forte. Nas primeiras semanas ele ficou com febre e dengoso, mas aos poucos foi se adaptando.

8 de Abril de 2015, Lívia nasce.

Continua... 

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15 comentários:

Alice Martins disse...

Olá, tudo bem?

Eu adoro ler seus relatos sobre gravidez, maternidade e cuidado com os pimpolhos. De certa forma me sinto mais perto desta realidade, o que chega até a soar como algo estranho. Desde que me entendo por gente, sempre tive um medo gigantesco da gravidez, passei a minha adolescência inteira afirmando que jamais engravidaria. Mas, hoje, aos 21 anos, tenho essa vontade, mesmo querendo que ela só se concretize lá para os meus 28 anos. Não acho que até lá esteja preparada, pois para mim ninguém nunca está, mas acho que estarei mais madura. Assim espero!

beijos!

Stéfani Farias disse...

ola tudo bem, eu amei o seu relato sobre maternidade. eu ainda não sou mãe, mas sempre ajudei minha mãe na criação do meu irmão e sei como não é fácil nos primeiros dias, meu me lembro que ele chorava a noite inteira e acordava todo mundo da casa e o pior era depois ter q ir para a escola com sono kkk eu até imaginava se estava difícil pra mim imagina pra minha mãe.

Unknown disse...

É sempre muito bom ver relatos verdadeiros e sinceros sobre a parte difícil da maternidade. Eu não sou mãe, mas relatos como o seu dão uma verdadeira ideia de como é o processo de se tornar mãe, vão além de um mundo perfeito e de um discurso que existe em torno da ideia de que 'ser mãe é tudo de bom'. Gostei bastante! aBRAÇOS

Daniele Vieira disse...

Olá
É verdade ser mãe se aprende na prática afinal cada caso é um caso, tem criança mais calma, outras mais agitadas, outras mais doentias, e os pais tem que se adaptar a melhor forma de cria-las. Não tenho filhos e não os quero, mas ajudei a cuidar do meu irmão e ele teve suas fases ranheta mas ele fui um bebê bem calmo, já eu dei um trabalho.

Esther de Sá disse...

Olá flor, tudo bem?
Adorei ler seu relato, saber um pouquinho da sua experiência. Eu não sabia de todas essas dificuldades que a mãe enfrentava até ler o livro "mãe sem manual". Apesar de não querer ser mãe por agora, ler experiências e aprender certas coisas nunca é demais né?
Beijos!

Cocu disse...

Oii. Bem, nesse assunto sou PHD pois tenho 6 filhos rsrs... isso mesmo 6. Pra dizer a verdade minha dificuldade com o primeiro foi mais a questão do choro mesmo, quase não cuidei dele porque tinha que trabalhar fora, minha mãe foi quem ficou no meu lugar, mais da segunda em diante eu já estava pra lá de treinada e tirei de letra. Adorei sua postagem, seu texto ficou ótimo. Parabéns

MS disse...

ola, tudo bem? eu vim do interior onde desde pequenas tomavomos conta de crianças , para ajudar . ja sabia como cuidar mmesmo sendo mãe muito nova , aos 15 anos. minhas dificuldade foram choros de balda e creches , sair para trabalhar . Já no segundo filho apos os 20 anos ja levei mais jeito , foi menos complicado. otimo assunto, obrigado por me trazer de volta a essa epoca que apesar das dificuldade , muito bom ter-mos nossos filhos amados. bjsss

Empregos pra Já disse...

Oi, tudo bem?
De uns tempos pra cá tenho visto bastante relatos como esse sobre maternidade, e fico feliz que finalmente as pessoas estão se abrindo pra realidade. Maternidade não é só flores. Adorei o post!!
Beijos

Unknown disse...

Olá!
Adoro relatos sobre maternidade. Sou louca para ser mãe e tenho lido com frequência relatos falando sobre as dificuldades. Mesmo sendo difícil, são momentos únicos, minha mãe sempre passou isso para mim e para minha irmã e tudo o que ela sabe de maternidade ela aprendeu na prática, eu era uma criança calma e minha irmã sempre foi mais agitada, nenhuma criança é igual.
Adorei o post!

Beijos

https://aventureirasliterarias.wordpress.com/

Unknown disse...

Oi!
Pelo visto, esse problema na hora de amamentar é mais comum do que imaginamos, mas ninguém fala sobre isso né? E como assim não te prepararam pra isso? Bom... Pelo menos, na segunda gravidez, você já estava mais preparada haha.
E, pelo pouco que eu sei, é mais doloroso para a mãe as primeiras experiências das crianças, vai entender né haha.

Unknown disse...

Ser mãe é muito complicado, ainda mais porque é uma situação totalmente imposta pelo patriarcado, e mulheres como eu, que não desejam ter filhos de forma alguma, costumam ser hostilizadas por esse argumento. Mas, eu achei o seu relato muito emocionante, você falou com o coração e isso que vale, se você é feliz com teus filhos, isso que basta.

Marisa disse...

Olá!
É interessante ler relatos sobre a experiência da maternidade e como ela é recebida por cada pessoa... como todas as mães tem algo em comum, que apesar das dificuldades a maternidade é vista como uma bênção e de fato ela é!
Abraços!

Eu meus livros e você disse...

Parabéns adorei seu texto, é muito bom ver o quanto o amor materno é forte. Parabéns pelo seu blog. Bjps

Júlia Raquel disse...

Olá, tudo bem? Gostei de tudo o que você escreveu. Sempre é muito bom poder ler relatos sobre a maternidade, acredito que vá ajudando quem está passando por esta fase da vida. De fato o amor materno é extremamente forte. Adorei! Beijos.

Leituras Compartilhadas disse...

Muito bonito o seu texto, cheio de sensibilidade. De fato não é fácil, só com muito amor mesmo. As pessoas, obviamente, querem ajudar, mas às vezes estressam mãe e bebê. Até a falta de leite pode ser por causa disso. Lindo texto!